As coscuvilheiras
(Les Bavardes ou Les Causeuses ou La Confidence)
(1895-1905)
Em 1895, já depois da primeira separação de Rodin, Camille Claudel expôs em gesso “As coscuvilheiras” (quatro mulheres sentadas a coscuvilhar), que representava uma vulgar cena do quotidiano e que foi muito elogiada pelo estilo e pelo tema, dizendo-se à época que era “uma maravilha de compreensão e sentimento humano”.
Trata-se, na realidade, de uma crítica da artista e intelectual ao mundo feminino banal. É uma mulher artista a denunciar um mundo estereotipado de banalidades.
Num canto íntimo, quatro mulheres inclinadas, o corpo convergindo para ouvirem melhor, falam e gesticulam ao ouvido umas das outras e submetidas a uma mesma vontade de transmitir um segredo ou uma fofoquice.
É uma peça bastante pequena e delicada, fora dos padrões tradicionais para as esculturas da época, que representa o universo feminino, com simplicidade e lucidez. Num espaço de intimidade cuidadosamente idealizado, as mulheres falam ao mundo interior da alegria, da tristeza, do medo e do desapontamento.
Camille começa, finalmente, a criar um estilo próprio, inspirado nos seus sentimentos, na sua própria história e na observação do mundo à sua volta. É a primeira vez que Camille, valorizando as subtilezas humanas com grandeza e liberdade, utiliza uma cena do quotidiano como tema para uma obra sua, manifestando claramente uma tentativa de libertação da influência de Rodin.
Trabalha mais tarde a mesma escultura em ónix, material extremamente duro e muito difícil de trabalhar. Poucos escultores o utilizaram.
(por Ruben Marks)