Camille Claudel

Uma Mulher

2010-01-01


A Valsa
(La Valse)
(1889-1905)

“A Valsa” é geralmente entendida, como uma das melhores e mais famosas criações de Camille Claudel. Muitos críticos de arte, consideram-na mesmo como a primeira ponte para a Arte Nova.

Esta belíssima escultura, representando um casal apaixonado dançando em estado meditativo, é como que um coroamento de tudo o que Camille sonhou na sua vida, mas que ficou inacabado.

“A Valsa” exprime a densidade do desejo, da fantasia e da libido. Ao aproximar os corpos nesta forma delicada e romântica, apesar de se poder apreender dela o furor do momento em que foi feita, Camille abandona-se no tempo, perdida nos braços de uma imaginação palpitante, visão utópica do espírito.

A mulher (Camille?) estende os braços, convida o seu par (Debussy) a enlaçá-la pela cintura e entrega-se nas voltas da dança. O vestido arrasta-se no movimento rodopiante e a gargantilha em volta do pescoço, reflecte a luz da sala. A sensação diáfana do sonho, parece estar ali exposta. Já não sente o seu corpo, no sussurro da respiração dele ao seu ouvido.

Na versão original de “A Valsa”, os bailarinos estavam nus, mas o Ministério de Belas Artes escandalizado com a audácia, exigiu que a escultora os vestisse. Camille envolveu-os, então, num tecido amplo, que terminava num capuz rendado ao estilo Art-Nouveau. Mais tarde, acabou por despir a mulher até à cintura, servindo o tecido como contrapeso ao desequilibro do casal, que se mantém num equilíbrio instável.

Eis algumas opiniões no seu tempo:

Esta languidez e este arrebatamento, confundidos num só ritmo, que não desfalece mais que para levantar o voo mais inesgotavelmente, não estava esgotado, quando morreu, nem a sua sedução, nem o seu consolo
Robert Godet (escritor amigo de Claude Debussy)

O ritmo, a harmonia e a embriaguez da valsa estão aí, mas também a paixão e a concordância dos corpos. Ambos são energia atormentada e fineza nervosa. É um homem e uma mulher vacilando na paixão que os une numa sensualidade impetuosa. A Valsa é um poema de uma louca embriaguez: os dois corpos não são mais que um, o prestigioso torvelinho enlouquece-os, a bailarina morre de voluptuosidade
Louis Vauxelles (influente crítico de arte francês – 1870-1943)




(por Ruben Marks)